sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Pensamentos de um leigo.

A única coisa que entendo de política é que é um troço chato bagaray. Mas, como todo brasileiro, tenho um comichão e não consigo ficar quieto. Tenho que falar alguma coisa, mesmo sem qualquer base empírica para as minha idéias. Afinal, todo mundo faz isso também, pô! E eu sou realista. Minha opinião não vale nada. Se valesse, eu pararia para pensar antes de emitir a minha.

Estatisticamente, ou eu estou certo ou estou errado, ou seja, estou na faixa dos 50%, o que é muito bom considerando a minha falta de conhecimentos profundos.

Vendo a eleição dos EUA e as notícias e informações que saem lá e aqui já me deparo com o primeiro problema. Pelas notícias que saem na imprensa, Obama é o presidente não só dos EUA, mas do mundo. Todo mundo apoia Obama. Os principais jornais dos EUA, todos os jornais do Brasil, a influente indústria de Hollywood, elites milionárias, as emissoras de TV e, mais impressionante, vários republicanos, daqui a pouco até o McCain vai apoiar Obama. Mas o que me intriga é: Se ele é tão querido assim, as pesquisas deveriam indicar uma intenção de voto de 90% da população americana, entretanto, as pesquisas apontam desde um empate técnico (com vantagem para Obama) até alguns pontos a frente.

Já McCain não recebe (ou parece não receber) apoio de ninguém. Republicanos acham ele a pior escolha do Partido, ele não tem um fundo de campanha gigantesco, he is old as fuck, o cara só consegue ter a cara menos enrugada do que a do Alan Greenspan, não tem propaganda gratuita de diversos shows e veículos de divulgação, pesa contra ele o governo Bush, é tanta coisa que nem sei se ele votaria nele mesmo. Também aqui fico intrigado: Com tudo isso era para ele ter 10% das intenções de voto, mas contrariamente ele está bem perto do Obama considerando tudo o que disse.

As campanhas de ataque também não me imprecionam, principalmente as contra Obama. No começo do ano, não sei quantas pessoas foram afastadas de um Departamento Executivo por vasculharem o arquivos do passaporte de Obama e McCain. Primeira conclusão: Obama tem um passaporte americano. Convenhamos, arrumar um passaporte americano não é a coisa mais fácil do mundo. Então essa história de que ele não é americano, parece ser uma grande babaquice. Segunda conclusão: Quem quer que tenha visto qualquer informação comprometedora de Obama ou McCain nos passaportes já teria vendido isso a preço de ouro ou, no mínimo, daria o aval para perseguir qualquer trilha que questionasse a nacionalidade de alguém.

Por que então ele não mostra a Certidão de Nascimento ou outro documento? A resposta para mim parece ser extremamente simples, mas até agora não vi em lugar nenhum: Simplesmente porque enquanto ele não mostrar, um enorme grupo de pessoas que poderia estar atacando a sua campanha ou os seus planos estão perdendo o tempo vasculhando milhões de documentos para tentar encontrar literalmente nada. Não conheço estratégia mais simples. Um babaca levanta uma hipótese absurda, os organizadores vêem nisso uma chance de ouro. Já imagino até o papo: "Como tudo isso é mentira, deixe eles vasculharem. Melhor ainda, vamos dificultar as buscas, eles vão ficar desesperados e ao invés de focarem as forças nos pontos realmente fracos de Obama vão perder todo o tempo deles nessa palhaçada. Quando acordarem será tarde demais."

Do mesmo modo, ficar atacando alguém por causa das pessoas que eles conhecem é simplesmente ridículo. Eles são políticos! Eles conhecem todo mundo! No primeiro momento que apontarem o dedo que um candidato tem ligação com fulano de tal, imediatamente a campanha adversária vai apontar uns 15 outros que, se pela "qualidade" não são tão ruins quanto o outro, quantitativamente exercem um grande impacto. Conhecer um despirocado é ruim, mas pode acontecer com qualquer um. Já conhecer vários debilóides é mais difícil de explicar.

Pior ainda quando as denúncias são todas indiretas. Tipo: Republicanos levantam que o Obama conheceu o Bill Ayers. Ohhh! ...quando o Obama tinha 8 anos e o Ayers 29!; "...mas eles trabalharam na mesma organização." Grandes merda. Do jeito que as coisas são hoje, é bem plausível que você trabalhe em um lugar ou ande com uma pessoa sem ter a mínima idéia do que ela faça. É só ver aquele alemão (ou austríaco, sei lá), que manteve a filha presa no porão por mais de 20 anos, fazia sexo com ela e durante esse tempo todo ninguém desconfiou de nada. Vão alegar que quem conhecia ele é porque pretende espalhar esse tipo de comportamento por todo o mundo?

Acaba que no final, as acusações ficam parecendo aquela coisa de gente mesquinha. Por exemplo, um monte de gente condena o Daniel Dantas e quer ver ele preso. Quando demonstram que não há provas contra ele, rebatem na hora dizendo que todo mundo sabe que ele é isso ou faz aquilo. Vem cá. O sentimento pode até ser esse, mas é impressionante como "todo mundo" sabe disso, mas ninguém consegue produzir UMA prova para botar o cara na cadeia. Se tentarem explicar isso, vai ficar parecendo aquele papo de maluco, com conspiração para todo lado, que não seduz ninguém.

Vi há pouco tempo essa entrevista com Joe Biden. Eu não sei quem é essa entrevistadora, mas parece ser uma grande idiota. Porra, ele está entrevistando um candidato a vice-presidente e não um moleque de faculdade. Que tipo de perguntas são aquelas? Elas deveriam ser melhor formuladas e atacar por outro ponto. Tomou patada de tudo quanto é lado e ainda teve que ouvir que só republicanos da extrema-direita (não preciso nem dizer qual a imagem que eles têm) acham que Obama vai transformar os EUA num país socialista.

E aqui entra o segundo ponto que me deixa intrigado: Se todas as acusações contra Obama fossem verdadeiras, todo o "mundo chique" já estaria sabendo por causa da internet e a grande mídia teria que falar sobre o assunto. Não adianta se fingir de morto quando todo mundo está te chutando. E independente da mídia divulgar ou não, isso iria trazer as intenções de voto para Obama para baixo, o que não acontece. Do mesmo jeito, se McCain e Bush tivessem um governo tão medonho, as intenções de voto para McCain deveriam ser muito mais baixas do que são hoje.

E se o Intrade.com é tão bom quanto o John Stossel diz, o Obama já é presidente dos EUA de forma esmagadora.

O engraçado é que quando tudo o que disse acima se refresca na minha cabeça, eu percebo que todas essas informações que adquiri não fazem a menor diferença. Eu poderia jogar uma moeda e teria um resultado muito mais preciso de quem irá ganhar as eleições nos EUA do que analisando milhões de gráficos, documentos, acusações, etc. Lembram dos 50%?

Então, pulando a eleição, eu tento pensar o que vai acontecer quando o candidato ganhar.

Se McCain ganhar, vai continuar tudo a mesma merda. Artigos de jornal dizendo que os EUA optaram pelo atraso, pelo modelo falido do governo Bush, o mundo inteiro vai olhar de cara feia e apontar o dedo para os EUA enquanto a todo instante vão ficar chorando miséria e pedindo ajuda.

Se Obama for eleito, não vai mudar porra nenhuma. A política vai continuar a mesma merda, vai adotar o mesmo modelo de Bush, ao mesmo tempo em que é idolatrado porque, na verdade, o problema do modelo Bush era o próprio Bush e não o modelo. Ele não vai conseguir fazer nem um terço das mudanças que ele promete porque a população vai sempre apresentar barreiras. Depois de terem pintado um quadro apocalíptico para os EUA caso Obama assumisse, os republicanos vão ter que ficar calados porque o apocalipse não vai acontecer e só começarão a abrir a boca quando as conseqüências das idéias de Obama estiverem atingindo grande parte da população e ainda assim irão ouvir que tudo é culpa deles, decorrente dos 8 anos de governo Bush que deixou uma herança maldita. Obaminha paz e amor vai ser o novo Lula mundial. Tudo é feito com boa intenção. Toda cangada é culpa dos outros, porque ele não sabia de nada e não queria isso ou porque ele se vendeu ao grande capital.

Caso estejam curiosos, joguei uma moeda. Cara=McCain, Coroa=Obama.

Deu Cara.

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