terça-feira, 22 de julho de 2008

Coase me borro...

Certas teorias econômicas me assustam.

É melhor começar citando o texto do David Friedman que está no Ordem Livre.

O primeiro passo é compreender que um custo externo não é simplesmente um custo produzido pelo poluidor e carregado pela vítima. Em quase todos os casos, o custo é o resultado de decisões de ambas as partes. Eu não estaria tossindo se a sua usina siderúrgica não estivesse emanando dióxido de enxofre. Porém, a sua usina siderúrgica não estaria fazendo mal nenhum se eu e as outras pessoas não morássemos na direção do vento. É uma decisão conjunta – a sua de poluir e a minha de viver onde você está poluindo – e isso produz o custo.
Eu não sei se a explicação foi ruim, mas o que eu estou entendendo é: Se a indústria resolvesse, ao invés de emanar dióxido de enxofre, disparar projéteis de chumbo e me matasse isso seria uma decisão de ambas as partes. Afinal, eu não morreria se a indústria não disparasse. Porém, a usina não me mataria se eu não estivesse no caminho do tiro.

É uma decisão conjunta: a da indústria de atirar e a minha de ficar no caminho.

Deixa essa idéia fermentar um pouco e a gente chega no correria que assaltou o Luciano Huck. Eles atingiram um resultado eficientíssimo. O Huck pagou uma indenização por estar no caminho da bala do correria e este não precisou ter que disparar o revólver.

Como não sou muito letrado em Economia, a chance de ter entendido errado é grande. Entratanto, não consigo deixar de perguntar:

É isso mesmo a teoria do Coase?

Um comentário:

Anônimo disse...

Caro,

Por uma coincidência imensurável, você e o Russell Roberts tocaram no mesmo assunto hoje. Esse trecho do post dele pode ajudar a responder a sua pergunta:

One of the deepest insights of Coase's 1960 article on externalities is the understanding that externalities are reciprocal and that rules and norms affect how much care people take in a risky situation when they are linked to others.

McCloskey taught me this in my first grad price theory class arguing that if drivers are liable for hitting pedestrians, then they will be more cautious and pedestrians will be more careless. If drivers bear no liability for hitting pedestrians then drivers will be less careful and pedestrians will take more care.

On the surface, this seems silly. It is wrong to run someone over, so justice requires drivers to be liable.

Yet Coase's point is that it's not clear which set of rules is socially desirable. If the goal is to minimize pedestrian fatalities from cars, it might be better to have drivers take less care and pedestrians take more care.


Eu diria que Coase queria tratar exclusivamente do problema das externalidades, e não considerava a aplicação do seu teorema em problemas como atropelamentos e tiroteios, onde a propriedade privada, em seu uso/exclusividade, é bem definida.

Abraços!