sábado, 17 de novembro de 2007

Tropa de Elite

Como não falar desse filme? Todo mundo falou um monte de porcaria sobre ele, porque eu não falaria também?...

O sucesso do filme parece claro: Uma mistura de "A Doutrina de Um Guerreiro" com "A Culpa é daquele de quem menos se espera, mas todo mundo sabia desde o começo"

O Capitão Nascimento é aquele modelo de guerreiro. Um cara fudido, que não tem coisa alguma a não ser o próprio orgulho e honra de guerreiro. Ele ascende do nada para chegar a líder de um esquadrão de elite. Na busca de continuar o seu legado, ele faz o que é preciso. Numa cidade (e país) onde a criminalidade aumenta de forma exponencial e todos ficam impunes (os ricos por causa do dinheiro e o pobre porque é uma vítima da sociedade), surge o sentimento de que devemos chutar a lei para escanteio e fazer justiça com o "senso comum". O Capitão incorpora isso e, logo, é idolatrado.

Acrescente a isso a grande sacada de filmes de suspense. O culpado é aquele que de tão óbvio você jamais desconfiou, mas assim que é revelado você se nega a aceitar que não tinha pensado nele (não podia ser outro). É um misto de burrice e inteligência ao mesmo tempo. O expectador burro de repente se depara com a inteligência "sensacional" do roteirista em ter "escondido" o culpado embaixo do seu (expectador) nariz e imediatamente atinge um nível intelectual nunca antes imaginado.

Ora é óbvio (no começo do filme) que o culpado pela violência é o traficante favelado com suas armas. Mas quando você esfrega na cara de todo mundo que o culpado é a classe média alta universitária consumidora de drogas. Estala no cérebro aquela faísca semelhante a de final de filmes de suspense, transformando meros espectadores em gênios da solução de crimes ("Eu sempre soube").

Ou seja, a "justiça do senso comum" com uma massagem de ego que "aumenta" a inteligência do expectador, não podia falhar.

Jogue no bolo um monte de gírias novas (que cariocas adoram) e o resultado é um filme de sucesso. De agora em diante, "02", "Xerife", "Fanfarrão", "Aspira" está tanto no vocabulário de boteco quanto no de escritórios.

Se o diretor pensou em tudo isso quando fez o filme. Vale a pena investir nele, esse cara vai dar dinheiro. Como é bem provável que isso tudo foi "acidental" (o histórico do cinema brasileiro não é lá muito bom), é melhor torcer por outro acidente.

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